Será que o Coronavírus alterará a Educação em Portugal?



Vários relatórios, críticos e até mesmo o próprio governo indicam que existirão várias mudanças na área da Educação nos anos vindouros. 
A sala de estar de cada um passou a ser a sala de aula e, sem dúvida, foi uma mudança de 180º para todos os intervenientes pois "todos" os alunos e professores de Portugal (e de outros tantos países também) terem sido "forçados" a integrarem-se com as novas tecnologias para conseguirem lecionar e aprender em tempo de confinamento. 
Pelo que me fui apercebendo, os professores (e muitos deles sexagenários) têm conseguido, mais ou menos facilmente, adaptarem-se a este novo contexto.
Na minha opinião, há professores que irão adotar, nas sua prática, algumas das novas ferramentas que começaram a ser utilizadas e, até mesmo, descobertas e usadas pela primeira vez. Mas, será que haverá uma alteração significativa no cerne da Educação? 
Penso que, com esta nova situação de Ensino @ Distância, percebemos o quanto a educação está desfasada do século XXI. Considero que haverá alguns impactos importantes que serão duradouros, mas há várias mudanças necessárias, para todos os atores educativos, alunos, governo, Encarregados de Educação e toda a comunidade educativa.
Numa primeira instância, por várias escolas por onde passei, a ligação à internet era (ou é) recorrentemente um problema. Os computadores são antigos, lentos e , alguns, totalmente obsolentos. 
Numa outra medida, há a necessidade de formar os professores, assim como os alunos. É evidente que os alunos estão bastante familiarizados com as redes sociais, contudo, numa outra vertente, há imensas lacunas a nível de literacia digital e capacidade técnica. 
Tenho constatado que, em geral, os alunos estão a gostar desta forma de aprender. Contudo, esta resposta paralela encontrada para o Ensino @ Distância, na verdade, não é a mais equitativa. Constata-se que há muitos alunos sem acesso à internet e/ou a um equipamento como um computador em suas nas casas, na sua realidade. Na verdade, o fosso e a diferenciação socioeconómica é bastante visível. Há alunos que só conseguem estabelecer contacto com os professores através do telemóvel. Alguns nem isso. As escolas, professores e diretores de turma estão atentos, e as respostas estão a ser dadas à medida que se consegue.
A transformação no ensino até poderá não se dar, porém, a ideia da utilização da tecnologia e a integração da mesma, dentro e fora da sala de aula, será relevada com maior afinco. Penso que os alunos, que estão a conhecer um novo sistema e um mundo de possibilidades para extensão e complemento das aulas e da escola através das redes sociais e plataformas LMS, irão ficar com altas expectativas para o uso desses recursos online. 
Penso que a transformação poderia e devia já ter começado há mais tempo, todavia, de uma forma evolutiva e não completamente revolucionária como aconteceu. Mas as condições assim o ditaram. É necessário partir do presente e delinear estruturadamente o futuro. Planificar, conceber e desenvolver este tipo de reformulação pode consumir muito tempo e nunca deve descurar a intencionalidade pedagógica e os fins que se pretendem atingir.

P.S.: E acredito que haverá, no próximo ano letivo, muitos professores a pensarem "Quem me dera conseguir silenciar os microfones de todos neste momento". 
Eu sei que vou pensar nisso. 
Bastantes vezes. Por dia.

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